Trabalho em cooperativas pode melhorar poder de negociação dos pequenos agricultores

Depois de participar do lançamento da campanha agrícola 2022 – 2023 no distrito de Milange, na Zambézia, o CDD, em parceria com a Associação do Apoio ao Desenvolvimento (NANA), realizou no dia 15 de Novembro de 2022, no distrito de Mocuba, o treinamento dos pequenos agricultores do Vale do Zambeze em matérias de comércio e cadeia de valor.

 

Este treinamento foi realizado no âmbito do projecto “The Power of Voices Partnership – FAIR for All: Enabling Pro-poor Value Chains in Zambézia”, financiado pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino dos Países Baixos e liderado pela OXFAM, cujo objectivo principal é promover o comércio global e cadeias de valor que sejam justas para todos.

 

O treinamento estava dividido em duas sessões e o grupo-alvo foi constituído pelos pequenos agricultores comerciais que são beneficiários do projecto PVP F4All em Moçambique. Esta actividade está alinhada com o objectivo de promover melhorias na competitividade dos pequenos agricultores e no sector do agronegócio, garantindo assim um crescimento económico rápido, sustentável e de base ampla em cadeias de valor agrícolas. 

A primeira sessão do treinamento que cobriu matérias sobre os “Princípios básicos de comércio e sua aplicação” foi facilitada por Nelsa Langa, pesquisadora do CDD, que iniciou a sua abordagem destacando a importância de os pequenos agricultores registarem

Nelsa Langa, Pesquisadora CDD

as suas actividades. O registo das receitas e de todos os custos incorridos desde a aquisição de insumos até ao momento em que o produto é colocado no mercado de modo a rastrear o benefício económico para os agricultores.

Os pequenos agricultores denunciam a impraticabilidade da fixação do preço e sai implicação na produção. “Os compradores fixam o preço. Depois de andar uma longa distância até ao mercado para vender o meu produto, fico desanimado com a ideia de regressar com o produto, por isso aceito os preços impostos pela pessoa que vem comprar” disse um agricultor.

 

Os agricultores foram encorajados a trabalhar em associações e/ou cooperativas agrícolas para que tenham maior acesso a informações sobre os preços de mercado e sobre mercados alternativos, além de poder conferir maior poder de negociação. Os pequenos agricultores entendem que os extensionistas agrários poderiam ajudar na fase da comercialização, disponibilizando informação sobre a média dos preços de mercado e fiscalizando as balanças usadas na comercialização. 

A segunda sessão treinamento foi facilitada por Dimas Sinoia, pesquisador do CDD, em colaboração com Jeremias Benjamim, Coordenador de Políticas e Programas do NANA.

 

Foi feito um exercício de identificação do conjunto de actores e actividades que trazem um produto até ao consumo final, onde cada estágio ou fase acrescenta valor ao produto. As actividades partem da provisão de insumos, produção, processamento, empacotamento, armazenagem, transporte até à distribuição.

Dimas Sinoia, Pesquisador do CDD, e um dos formandos

Apesar de alguns agricultores apontarem a aquisição de insumos como uma das fases complicadas, devido aos altos preços praticados, estes são unânimes em afirmar que a fase da comercialização é a mais difícil para os pequenos agricultores devido a constrangimentos de preços injustos e balanças manipuladas. O excesso de oferta no mercado é apontado também como um dos constrangimentos.

 

Os agricultores foram sensibilizados a apostar na conservação e armazenamento dos produtos e aguardar os melhores momentos para colocá-los no mercado e assim evitar perdas decorrentes da venda a preços baixos na época da colheita, que é o momento em que se verifica o excesso de produtos no mercado.

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