- Os altos níveis de endividamento continuam a colocar mais países numa escolha difícil entre prover serviços básicos e cumprir com o serviço da dívida. É tendo em conta está realidade que as organizações da sociedade civil do continente entendem ser urgentes medidas adicionais para redireccionar a dívida dos países africanos para um caminho sustentável e combater as práticas de certos credores tendentes ao abuso da posição vulnerável das nações endividadas para maximização de lucros e violação da sua soberania económica.
- O apelo foi lançado durante a segunda Conferência Africana sobre Dívida e Desenvolvimento (AfCoDD II), realizada em Agosto último no Malawi pelo Fórum e Rede Africana sobre Dívida e Desenvolvimento (AFRODAD) e seus parceiros. Com o tema “Da recuperação à reforma: Sisi Ndio Tuko - Stop the Bleeding”, o evento reuniu várias organizações da sociedade civil ao nível de África, incluindo o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), para discutir e decidir o caminho de África para a autodeterminação económica, política e social.
Assumindo desde sempre a posição de “credores líquidos” das nações do “Global Norte”, os países africanos são cada vez mais confrontados com a necessidade de alocar os poucos recursos que conseguem mobilizar ao nível das suas economias para honrar com obrigações creditícias em detrimento da provisão de bens e serviços essenciais para os seus cidadãos. Uma situação que, para as organizações da sociedade civil ao nível do continente, embora tenha origem nas fragilidades de governação com que se deparam os países africanos, é perpetuada pela actual estrutura da arquitetura financeira internacional que promove a contração de mais dívidas, mas dificulta uma restruturação ordenada da mesma.