- Com o tema “Mobilização de Recursos e Parcerias Estratégicas para Sustentabilidade Organizacional”, a sessão foi facilitada por Christopher Katutu, especialista em gestão de parcerias, e reuniu mais de 200 jovens das diversas províncias do país.
Christopher Katutu iniciou a sua exposição desconstruindo o conceito de parceria, explicando que ela ia além de uma simples colaboração entre partes. Segundo ele, uma verdadeira parceria envolve o alinhamento em torno de um objectivo comum, onde interesses partilhados e individuais coexistem. Pressupondo uma co-criação de soluções, as parcerias também envolvem a partilha tanto dos riscos quanto dos benefícios, com um forte compromisso de responsabilidade mútua entre os parceiros. Ele destacou ainda que uma abordagem de parceria eficaz deve ser guiada por princípios claros de trabalho conjunto, resultando em um valor agregado maior do que a soma das partes, o que ele definiu como “1 + 1 = 3”.
“Parceria é, na verdade, uma relação de trabalho contínua, onde os riscos e os benefícios são partilhados. Celebramos o sucesso juntos e também, quando algo de errado ocorrer, então, nós também passamos por isso juntos”, enfatizou.
Subsequentemente, Katutu elaborou sobre a importância de entender a mobilização de recursos de forma abrangente, ultrapassando o simples conceito de captação financeira. A mobilização de recursos, notou, deve ser entendida como um processo mais amplo que envolve a identificação, construção e gestão de relacionamentos com indivíduos e organizações que compartilham valores e objectivos comuns.
“Quando falamos em recursos, muitas pessoas, imediatamente pensam em recursos financeiros. No entanto, devemos considerar a mobilização de recursos de forma mais ampla, pois os recursos têm muitos significados e vão além do dinheiro”, frisou. Segundo explicou, é necessário reconhecer o valor de recursos diversos, como recursos humanos, tempo, capacidades organizacionais e equipamentos, que podem ser tão essenciais quanto os financeiros. Esses recursos, quando bem geridos e aliados a parcerias estratégicas, são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o impacto de longo prazo das organizações.
Katutu destacou que a mobilização de recursos era vital para o cumprimento das missões organizacionais e que as parcerias estratégicas eram um componente central para esse processo. Durante a sessão, cinco tipos principais de parceiros foram discutidos como essenciais para garantir o sucesso nas iniciativas de mobilização de recursos: parceiros de cooperação e organizações internacionais, governos, sector privado, universidades, meios de comunicação social e comunidades locais.
Cada um desses parceiros, explicou, oferece um conjunto específico de recursos que pode variar entre financiamento directo, capacitação técnica, acesso a redes influentes ou mesmo apoio material, como equipamentos e infraestrutura. Neste processo, enfatizou, é preciso igualmente assegurar a diversificação das fontes de recursos, uma vez que a dependência de um único parceiro financeiro pode comprometer a sustentabilidade organizacional a longo prazo.
Debruçando-se sobre as experiências das organizações juvenis no que refere a mobilização de recursos, o especialista notou com preocupação os crescentes desafios enfrentados por este segmento, especialmente as organizações informais. Esses desafios, destacou, devem-se a razões de duas dimensões. Num primeiro plano, a falta de conhecimento técnico em áreas como elaboração de propostas e gestão financeira limita a capacidade dessas organizações de competir com entidades mais estabelecidas no cenário internacional. Entretanto, num segundo plano, muitos doadores impõem requisitos rigorosos e inflexíveis, como a exigência de registo formal e a existência de um escritório físico, o que muitas vezes exclui os grupos juvenis informais.
Katutu sugeriu que as organizações enfrentem esses e outros obstáculos através de medidas como fortalecer o seu branding organizacional, desenvolver directrizes internas claras para mobilização de recursos e focar em construir relacionamentos de longo prazo com parceiros estratégicos.
O processo de mapeamento de doadores também foi abordado como uma técnica crucial para a mobilização de recursos. Katutu recomendou que as organizações compreendam as prioridades e áreas de interesse de potenciais financiadores, estabelecendo um alinhamento entre suas iniciativas e os objectivos dos doadores. Isso aumenta significativamente as chances de sucesso na captação de recursos.
A importância de manter a transparência nas relações com os doadores e a comunidade foi outro ponto enfatizado. Katutu destacou que a prestação de contas e a comunicação clara dos impactos alcançados são fundamentais para fortalecer a confiança dos parceiros e atrair mais recursos. Ele também mencionou a necessidade de as organizações serem adaptáveis às mudanças no ambiente externo, especialmente em contextos de rápida transformação social e económica.
Além da mobilização de recursos financeiros, o especialista explorou diferentes tipos de parcerias que podem ser estabelecidas entre organizações. Ele apresentou três modelos principais: transaccional, colaborativo e transformativo. Parcerias transaccionais são baseadas em uma troca simples de serviços ou recursos, enquanto parcerias colaborativas envolvem um nível mais profundo de cooperação, com ambas as partes trabalhando juntas para alcançar um objectivo comum. No entanto, ele observou que as parcerias transformativas são as mais valiosas, pois são fundamentadas em uma visão compartilhada e no compromisso de alcançar mudanças sistémicas a longo prazo. Essas parcerias buscam a cocriação de soluções e a capacitação mútua entre os parceiros.
Concluindo a sua apresentação, Katutu incentivou os jovens líderes a focarem-se na criação de parcerias estratégicas de longo prazo e a desenvolverem habilidades de mobilização de recursos. A capacitação contínua das equipes e o foco no impacto social demonstrável foram citados como elementos essenciais para garantir a sustentabilidade e o sucesso das organizações juvenis.
Esta é a última de uma série de 4 sessões organizadas no âmbito do programa sobre “Liderança e Desenvolvimento Organizacional” para Organizações Lideradas por Jovens. Espera-se que as sessões temáticas online criem oportunidades para que os participantes adquiram conhecimentos sobre temas específicos, partilhem informações e experiências e aprofundem a sua compreensão sobre questões de interesse político, social e económico dos jovens.
Este programa é implementado no âmbito do projecto “SOU JOVEM”. O Projecto tem como escopo central o empoderamento de jovens em organizações/associações para melhorar a sua participação nos processos democráticos em Moçambique. O SOU JOVEM é implementado pela Plan International e pelo CDD, e é co-financiado pela União Europeia (UE) e pela Plan International Finlândia.