Polícia agride e prende ilegalmente oito pessoas que protestavam contra desactivação da rede eléctrica em Marracuene 

Pelo menos oito pessoas foram detidas ilegalmente na tarde de ontem pela Polícia quando protestavam contra a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM), acusada de ter desactivado uma rede eléctrica que abastecia dois quarteirões do bairro Guava, distrito de Marracuene, província d Maputo. Eram mais de 50 pessoas que se manifestavam, pela terceira vez, em frente às instalações da EDM em Guava. Quando a Polícia foi chamada a intervir deteve oito pessoas, incluindo uma senhora que trazia bebé de um ano ao colo.

Trata-se dos cidadãos Hofício Sitoe, Ana Ricardo, Belito Braz, Vânia Bila, Jorge Macanganhane, Hélder Albino, António Zunguene e Teresa Jacob (a senhora que foi detida com o bebé). O Comando Distrital da PRM em Marracuene diz que as oito pessoas foram detidas por terem agredido agentes da Polícia, uma acusação desmentida por testemunhas.

Depois das detenções, as oito pessoas foram transferidas do Posto Policial de Guava para as celas do Comando Distrital da PRM em Marracuene. Sem nenhuma explicação, a Polícia levou as oito pessoas para o posto administrativo de Nongonhane, onde funciona um posto de controlo rodoviário na Estrada Nacional N.º 1 (EN1), em Marracuene. A senhora que trazia bebé ao colo foi restituída à liberdade por volta das 23h00. “Ela e o bebé estavam a passar mal na cela. O marido é que fez pressão para que fossem soltos”, contou uma testemunha. 

É a terceira vez em que moradores dos quarteirões 1 e 2 do bairro Guava juntam-se para se manifestar contra a EDM. Eles acusam a empresa pública de ter desactivado a rede eléctrica que fornecia energia para algumas residências de Guava há um mês, alegando que a rede era precária e clandestina. Mas os residentes afectados dizem que tinham contratos com a EDM desde 2017 e compravam energia sem nenhuma limitação. E porque não houve promessa de efectuar novas ligações, as famílias afectadas começaram com protestos junto às instalações da EDM em Guava.

“Nas duas primeiras manifestações não houve violência nem detenções. A Polícia foi chamada a intervir, mas quando chegou apenas orientou os manifestantes a não vandalizarem as instalações da EDM. E nós cumpríamos com essa orientação. O director da EDM vinha falar connosco e no fim saíamos para as nossas casas”, contou uma senhora que participou das três manifestações.

Mas na sexta-feira, 18 de Agosto, a situação foi diferente. Os manifestantes estavam posicionados junto à entrada das instalações da EDM. “A confusão começou quando a Polícia exigiu que as pessoas se retirassem do local para permitir a entrada e saída de viaturas da EDM. Nós não concordamos. Os carros só podiam sair para resolver o nosso problema. Estamos há um mês sem energia e ninguém nos dá uma explicação satisfatória”.

As testemunhas contam que uma senhora foi agredida, algemada e introduzida à força na viatura da Polícia. Quando as pessoas começaram a filmar os actos de violência policial, os agentes teriam disparado três tiros para o ar. “A Polícia prendeu oito pessoas, incluindo uma mãe que trazia um bebé”.

Uma equipa do CDD está em Marracuene desde as primeiras horas deste sábado a interagir com as autoridades da Justiça com vista à libertação das pessoas detidas ilegalmente.

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