Pressionado pela petrolífera Total que exige garantias claras de segurança em Afungi, o Governo de Filipe Nyusi está numa corrida contra o tempo para encontrar uma solução que viabilize a continuidade dos projectos de gás da bacia do Rovuma.
Nas suas mais recentes incursões pelo Distrito de Palma, os insurgentes foram travados nas imediações de Afungi, o centro das operações petrolíferas. Os alarmes soaram e a Total E&P Mozambique Area 1, operador do projecto Mozambique LNG, evacuou parte do seu acampamento, uma das medidas do protocolo de segurança. Algumas empresas que prestam serviços seguiram-lhe o exemplo e retiraram o seu pessoal, paralisando parte das actividades.
Na semana passada, os responsáveis pelo sector de segurança da Total viajaram até Maputo para discutir com as autoridades moçambicanas questões relativas à segurança em Afungi. Não se sabe se houve ou não compromisso ou garantia do Governo de reforçar a segurança na península de Afungi, principal exigência da francesa Total.
Já na segunda-feira, o Presidente da República viajou para Tanzânia onde discutiu com o seu homólogo John Magufuli formas de conter o extremismo violento nos dois países. Os insurgentes estrangeiros (tanzanianos, somalis, congoleses, ruandeses, ugandeses e burundeses) que actuam em Cabo Delgado entram em Moçambique através da fronteira comum com a Tanzânia, por isso um acordo político entre os dois Estados é imprescindível para travar a expansão e a intensificação da violência armada no norte do País.
Na sua deslocação à Tanzania, Nyusi fez-se acompanhar pelo Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, e pelo Comandante do Posto do Comando Operacional Norte, o Major-General Eugénio Mussa. É a primeira viagem ao exterior dedicada a questões de segurança em que o Presidente da República inclui na sua comitiva uma alta patente das FADM, um gesto que sinaliza o poder que os militares estão a ganhar no comando das operações em Cabo Delgado.