Maputo continua de braços cruzados perante o sofrimento humano em Cabo Delgado

Uma rápida pesquisa pelo nome Matemo no Google fornece várias páginas que descrevem a ilha como um dos destinos turísticos de eleição no norte de Moçambique. Mas por estes dias, a beleza natural feita de praias com águas cristalinas e dunas de areia branca deixou de ser atractiva. Ninguém quer ficar em Matemo. A ilha paradisíaca virou um verdadeiro inferno. Após sucessivas investidas de grupos terroristas, milhares de pessoas estão a abandonar Matemo. Poucos conseguem fugir com os seus bens, mas todos carregam consigo histórias de terror e experiências traumáticas vividas nos últimos dias. Em média desembarcam cerca de 1.000 pessoas por dia, a maioria sem um destino concreto para acomodação.

Sem surpresa, o Governo central mantém a sua postura de silêncio e inacção perante o sofrimento de milhares de pessoas que desembarcam em Pemba. A nova vaga de deslocados começou na quinta-feira, mas foi durante o fim-de-semana e início desta semana que a situação se agravou e fez soar os alarmes humanitários. 

Na sessão do Conselho de Ministros de terça-feira, era expectável que a situação dos deslocados fosse discutida e, em função das constatações, que alguns ministros viajassem até Pemba para acompanhar de perto a situação. Mas nada disso aconteceu, a avaliar pelo comunicado distribuído à imprensa pelo Secretariado do Conselho de Ministros. Ontem, quinta-feira, o Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, dirigiu o conselho coordenador de gestão de calamidades e um dos pontos da agenda foi a situação dos deslocados em Cabo Delgado e Manica.

Ainda ontem, o Presidente da República, Filipe Nyusi, chegou a Cabo Delgado com uma agenda de trabalho que destaca uma reunião do Partido Frelimo. Isto é, a principal missão do Chefe de Estado em Pemba é dirigir uma reunião partidária, numa altura em que cerca de 400 mil pessoas precisam de todo o tipo de ajuda.

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