Mais um rapto em Maputo e não se viu o helicóptero e a musculatura que a Polícia exibe na repressão de manifestações pacíficas

É o primeiro crime consumado depois da campanha eleitoral e das eleições de 9 de Outubro, o que sugere que os raptores deram uma trégua para se ocuparem da campanha eleitoral

O sindicato dos raptos acaba de fazer mais uma vítima, em plena luz do dia, numa zona nobre de Maputo, a capital do país. É o primeiro rapto consumado depois de duas tentativas ao longo deste mês.

Seguindo o padrão normal dos raptos, a Polícia não estava no local. Não se viu o helicóptero e nem a musculatura que a Polícia exibiu durante as manifestações contra a fraude eleitoral.

Ainda não conseguimos apurar a identidade da vítima. A única informação disponível indica que o rapto ocorreu em frente ao Supermercado Lokal, na Av. Armando Tivane, no bairro da Polana Cimento, zona nobre da cidade de Maputo. Como sempre, os raptores estavam tranquilos com uma segurança de quem tem certeza que nada lhes vai acontecer.

É o primeiro rapto desde 5 de Agosto, o que permitiu uma paz de cerca de dois meses, período que coincide com a campanha eleitoral e votação, o que sugere que os raptores estavam ocupados com o processo eleitoral.

Nas últimas semanas houve duas tentativas de rapto, sendo uma em 11 de Outubro, em Maputo, e outra em Xai-Xai (Gaza). Há uma ideia de que os raptos em Moçambique são, de facto, controlados por figuras poderosas, incluindo a Polícia e outras entidades de alto escalão. A suspeita ganha força se considerarmos que os mandantes nunca são encontrados.

No máximo, o que acontece é a detenção de executores, guardas de cativeiros e pessoal de apoio aos cativeiros, pessoas sem relevância na cadeia dos raptos. Dados oficiais indicam que, até Março deste ano, um total de 185 casos de raptos foi registado e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011. Os raptos estão a ter um impacto negativo na economia do país. Segundo a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), mais de 100 empresários abandonaram o país e retiraram os seus investimentos para países seguros.

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