Alfredo Magumisse cancela conferência de imprensa que tinha convocado para hoje sem justificação plausível
O deputado da Renamo, Alfredo Magumisse, cancelou uma conferência de imprensa que tinha sido por si convocada para às 10h00 de hoje, terça-feira, 21 de Maio. A conferência de imprensa, que não tinha agenda, foi canelada sem justificação plausível.
“Caros órgãos da comunicação social sediada em Moçambique. Eu, Alfredo Tomás Magumisse, membro do partido Renamo, venho por este meio convocar todos vós para uma conferência de imprensa para amanhã [hoje], 21.05.2024, pelas 10:00 horas na Assembleia da República. Cordiais saudações”, lê-se numa mensagem posta a circular nas redes sociais.
Aos jornalistas, o deputado disse apenas que não ia falar por razões de força maior.
A conferência de imprensa é convocada dias depois do Congresso electivo da Renamo que teve lugar de 15 a 17 de Maio corrente, no distrito de Alto Molócuè, na província da Zambézia, centro do país.
Alfredo Magumisse foi candidato derrotado (42 votos) no conclave que elegeu Ossufo Momade com 383 votos. No mesmo escrutínio, Elias Dhlakama, irmão mais novo do líder histórico da Renamo, obteve 147. Ivone Soares apareceu em terceiro lugar com 78 votos. André Magibire e Salvador Murrema tiveram, respectivamente, 25 e 2 votos.
Duas razões podem estar por trás do cancelamento da conferência de imprensa de Alfredo Magumisse. A primeira pode ter que ver com uma possível pressão interna por eventualmente pretender mostrar o seu desagrado com a forma como decorreu o Congresso electivo do seu partido.
Trata-se de um congresso que, à margem das mais elementares regras democráticas, nomeadamente impedindo outros membros de concorrerem ao cargo de presidente da Renamo, o que em parte foi feito passando por cima de decisões judiciais, reconduziu o actual presidente do partido a mais um mandato.
Lembre-se que o deputado e cabeça-de-lista da Renamo na cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, foi excluído do Congresso por decisão da liderança deste partido, depois de ter sido impedido de concorrer à presidência daquela formação política na sequência do perfil traçado pelo Conselho Nacional, em Abril. Isto levou a que Venâncio Mondlane entrasse com uma providência cautelar junto do Tribunal Judicial do Distrito do Alto Molócuè.
O Tribunal deu provimento ao pedido do deputado, mas a decisão foi ignorada pela Renamo, o que é mau para um partido que se diz “pai da democracia” e que aspira dirigir o Estado.
A segunda razão pode ter que ver com uma estratégia do próprio deputado de usar a imprensa visando pressionar a liderança do seu partido para obter vantagens internas de natureza política.