Governo tenta justificar presença de mercenários alegando que é uma necessidade para a segurança das multinacionais

Pela primeira vez, o Governo moçambicano assumiu que há empresas militares privadas que estão a operar lado a lado com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate contra os terroristas em Cabo Delgado. A assunção foi feita na quarta-feira, 28 de Outubro, pelo Ministro do Interior, Amade Miquidade, em resposta às perguntas feitas pela Bancada da Renamo durante a sessão de Informações do Governo à Assembleia da República.

O governante usou o eufemismo “consultores de segurança” para referir-se aos mercenários do Dyck Advisory Group (DAG) e justificou a sua intervenção afirmando que os novos actores económicos que entraram em Cabo Delgado têm uma dinâmica securitária específica. “A continuidade destes investimentos demanda uma segurança especializada em meios que não temos e, em qualquer parte do mundo onde operam, esta componente é atribuída a grupos específicos, os consultores de segurança”, disse, numa clara tentativa de deixar passar a ideia de que as empresas militares privadas foram contratadas pelas multinacionais que exploram o gás da bacia do Rovuma.

A verdade, porém, é que os mercenários do DAG foram contratados pelo Governo em finais de Março, quando os grupos terroristas lançaram uma série de ataques e assaltaram as sedes distritais (Quissanga e Macomia), incluindo a estratégica vila municipal da Mocímboa da Praia. Numa entrevista de Julho, o dono do DAG, Lionel Dyck, disse que foi abordado pelo “chefe de Polícia de Moçambique” em Setembro de 2019 sobre a possibilidade de ajudar a combater a insurreição em Cabo Delgado. Esta revelação mostra que os mercenários que antes combatiam a caça furtiva nas áreas de conservação nacionais entraram para a luta contra o terrorismo pela mão do Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, homem de mão do Presidente da República, Filipe Nyusi.

Quem garante a segurança das operações petrolíferas das multinacionais baseadas em Afungi não são os mercenários do DAG, mas contingentes das FDS pagos e alimentados pela francesa Total, líder do projecto Mozambique LNG em curso na Área 1 da bacia do Rovuma.

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