Há cada vez mais consenso de que as eleições de 9 de Outubro foram fraudulentas e os resultados eleitorais divulgados pelas Comissões Provinciais de Eleições não reflectem a vontade popular depositada nas urnas, havendo, por isso, críticas ao processo e exigência de reposição da verdade eleitoral.
Os únicos que acreditam nos resultados eleitorais são a Frelimo e os órgãos eleitorais. Ao coro de críticas ao processo juntam-se os Bispos Católicos de Moçambique.
Através de um comunicado divulgado esta tarde, os Bispos Católicos dizem que as eleições foram fraudulentas e perguntam se poderão os órgãos eleitorais certificar os resultados.
“Infelizmente, mais uma vez, verificaram-se fraudes grosseiras. Repetiram-se enchimentos de urnas, editais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade”, lê-se num comunicado de duas páginas a cuja cópia o Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) teve acesso. Para os bispos, as irregularidades e fraudes, a grosso modo impunemente praticadas, reforçaram a falta de confiança nos órgãos eleitorais, nos dirigentes que abdicam da “sua dignidade e desprezam a verdade e o sentido de serviço que deveria nortear aqueles a quem o povo confia o seu voto”, o que empurra o povo não só a “comprovar as suas desconfianças, mas também a se questionar sobre a legitimidade dos eleitos”.
Segundo os bispos, a abstenção olímpica que se verificou nas eleições deste ano, em que mais de metade dos moçambicanos que tinham sido inscritos não se fizeram às urnas, pode ser reflexo do entendimento popular de que a sua vontade, expressa nas urnas, não é respeitada, tornando inútil o exercício deste importante direito cívico.
Venâncio Mondlane e o partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique rejeitam os resultados e reclamam vitória.
No documento de duas páginas, os Bispos Católicos condenam o duplo homicídio do dia 18 de Outubro, em que foram vítimas Elvino Dias e Paulo Guambe.
“Condenamos o bárbaro assassinato de duas figuras políticas a relembrar com evidência, com semelhanças no método, outros assassinatos de figuras políticas ou da sociedade civil, também ligadas a partidos da oposição, ocorridos na sequência de anteriores eleições”, lê-se no documento dos Bispos Católicos.